Abre terça feira, dia 11 de dezembro, às 10h, a exposição Entre Rios, uma grande instalação feita por fotografias imersas em sacos de água a partir de ensaios fotográficos cuja temática são os rios Poty e Parnaíba feitos pelo fotógrafo teresinense José Ailson, e sobre o rio Acaraú do fotógrafo cearense Tiago Marques.

Desde a inauguração do espaço da galeria de artes visuais do Mercado Velho, esta é a sexta exposição que a Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves já realizou. Segundo Guga Carvalho, coordenador de artes visuais da FMC, “o programa de exposição tem o cuidado de oferecer sempre variadas exposições, desde pinturas como Nonato Oliveira, cerâmica como Fátima Campos e fotografia com instalações contemporâneas, como é o caso dessa exposição Entre Rios, essa dinâmica de sempre ter sempre uma nova exposição tem atraído mais público ao Mercado Velho.”

Segundo Tiago, “Rios são pontos de encontro. Encontram-se entre si e com outros. A exposição Entre Rios traz o traçado poético de dois lugares, Sobral e Teresina, três rios, Acaraú, Poty e Parnaíba, sob dois olhares que se encontram e apresentam em uma única instalação que, como a natureza daquilo que representam é fluido e convida o visitante a nadar com ele e descobrir o que há entre tanta água”.

A proposta dessa instalação surgiu como um diálogo entre os artistas visuais Tiago Marques, de Sobral/CE José Ailson de Teresina/PI, moradores de cidades que tem forte relação com os rios. Os ensaios não trazem leituras documentais, mas visões lúdicas e poéticas das relações com o espaço fluvial. Em de Sobral, Tiago traz o ensaio Cretone, que se utiliza de estruturas construídas no projeto de urbanização da margem esquerda do Rio Acaraú para fazer uma analogia a partir do uso de tecidos do espaço que por onde antes passavam as águas, agora represadas em um lago artificial com corrente controlada.

 Já José Ailson, de Teresina, apresenta os ensaios Narciso e Solon, realizados à beira dos rios Poty e Parnaíba respectivamente, onde leveza e calmaria são o tom da atmosfera, representando a relação de dois personagens com as águas. Aqui, o personagem se relaciona com as águas e o fotógrafo com ambos. Em Narciso, o personagem compõe a paisagem como observador, sendo iluminado pelo reflexo do sol. Enquanto em Solon, o protagonista da cena interage com a água, amalgamando-se com o elemento, como se fizesse parte do rio.

O rio com seu percurso e sua busca pelo mar, semeia a vida  em sua passagem por campos e pastagens, ergue vilarejos e metrópoles, constrói histórias que se contam e recontam diariamente. Um rio é o ponto fundador de muitas cidades. Nelas se desenham seus corpos de acordo com suas curvas, com os fluxos de seca e cheia se limitam. Teresina e Sobral, filhas de rios que as elegeram a importantes cidades em suas regiões, com estes se relacionam das mais variadas formas. Seja na luta pela preservação do meio natural, as demandas contra a poluição ou no travar de batalhas para domá-lo, erguendo sobre seu leito o duro concreto que, cedo ou tarde, as águas reivindicam seu espaço.

Um rio é um grande espelho, em todas as formas da palavra, onde se vê como um lugar trata sua natureza, como uma tradição permanece ou some ou também um espelho-lugar, onde um Narciso se volta às águas para se vê e nelas se mistura, até onde não possamos mais perceber o que é homem nem reflexo.

Tiago Marques: Cientista social formado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, artista visual que utiliza de seus trabalhos a fotografia como forma de expressão. Participante de mostras coletivas e exposições individuais de artes visuais . Atualmente coordena a Pinacoteca de Sobral – Espaço Raimundo Cela.

José Ailson: Estudante de Filosofia pela Universidade Federal do Piauí, atua como fotógrafo da Geleia Total, além de trabalhar de maneira independente em projetos pessoais, tudo voltado à fotografia.

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